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  • Foto do escritorColegio Sao Pedro

A possível utopia

Mario Sergio Cortella

Violência. Não dá para não pensar sobre isso, e, pior, a preocupação vem emergindo nestes anos como aparentemente invencível fatalidade. É imprescindível não invisibilizar o assunto no interior das escolas, pois, hoje, violência não é mero “tema transversal”. Por isso, há alguns anos fiz uma reflexão na revista Linha Direta da qual, pela triste realidade, recupero agora um trecho.

“A violência é tema aterrorizante em nosso cotidiano; poucos deixam de ter alguma experiência (própria ou próxima) com ela, sejam os assaltos e latrocínios, sejam os sequestros (relâmpagos ou não) e as ameaças à integridade física e patrimonial nas casas, escolas e ruas. A mídia se refestela; mesmo levando em conta sua tarefa de informar e alertar, é preciso lembrar que há tempos não havia um assunto tão sedutor. Violência é notícia, má notícia, mas, infelizmente, e, por isso mesmo, mais atraente. A mórbida relação pânico/salvação invadiu as preocupações da população; mostra-se o fato, instaura-se o pânico, anuncia-se a salvação.

Diagnóstico mais comum para a situação? Falta de firmeza e excesso de impunidade. Terapias recomendadas (algumas delirantes, outras demagógicas e muitas equivocadas): pena de morte, presídios em profusão, truculência policial, abrigos de ‘segurança máxima’ para menores, diminuição da maioridade penal etc. Ora, todas as formas de violência mencionadas precisam ser combatidas e extintas; são inaceitáveis e merecem urgência no enfrentamento de suas causas e na prevenção dos seus efeitos. Porém, não são as únicas, não estão sozinhas; as demais (e há em grande quantidade) são obscurecidas por aquelas que vêm tendo destaque exclusivista. Essas outras violências (contra os corpos e as mentes) favorecem (mas não tornam justas) as que estão em evidência.” 

No mesmo ano, outra reflexão, na Família Cristã: “Quem já não disse (às vezes silenciosamente) ou, até, bradou em alta voz: ‘Paz! Eu quero paz; quero ficar em paz. Eu só queria um pouquinho de paz’? Porém, não existe paz individual e solitária; não existe um humano sem os outros. Ser humano é ser junto. É necessário negar a afirmação liberticida de que ‘a minha liberdade acaba quando começa a do outro’. A minha liberdade acaba quando acaba a do outro; se algum humano ou humana não é livre, ninguém é livre. 

Se alguém não for livre da fome, ninguém é livre da fome. Se algum homem ou mulher não for livre da discriminação, ninguém é livre da discriminação.  Se alguma criança não for livre da falta de escola, de família, de lazer, ninguém é livre.  Por isso, é preciso que à paz (para que ela se efetive) se acresça a justiça. E, o que é justiça? É todos e todas terem paz.” Essa utopia ainda vale? Precisa valer.

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